terça-feira, 29 de abril de 2014

ao meu maior desejo de crer que é passado.


escute mais uma vez essa canção antes de me deixar
meu outro eu
eu estou aqui faz tanto tempo tentando não sucumbir à tentação de te manter tão perto
que eu esqueço o que é e como e quanto longe de você serei feliz
vai, eu rogo, imploro, empurro
cai no abismo, na faca, sangra, morre, deita, dorme para sempre dentro de mim
um poema de amor e despedida te dedico, meu algoz
onde eu cheguei com esse trem em sua companhia
onde eu voltei, onde eu parei, inerte e flertei com a outra parte de mim
onde eu senti saudade de mim, foi aí que enfim resolvi, vai! deixo-te ir.
seguro aqui deste lado a tua lembrança
um lenço leve, macio, fino, trêmulo em qualquer brisa
qualquer, qualquer sopro e o lenço claro, límpido elucida plácido tua presença
no banco de trás, sob meus pés, sobre minha cabeça
então, eu já disse demais, conversei demais, prolonguei demais
vai.
a canção já está no fim e não há nada mais aqui, entre nós, esses nós... 
desatai
desatei.
vai...

agora eu posso sair nesta madrugada fria ,molhada
sem olhos nem pés de pessoas
agora eu pego outro trem, sem destino, nem medo
e não te vejo, nem de longe, nem penumbra, nem tremor,
 nem suor, nem palpitação
 respiro  profundo e lento todo o ar
solto meus cabelos, visto minha roupa de remendos feitas por meus dedos...
tortos, tortas minhas roupas, eu mesma torta, tudo torto
tudo torto e meu, torto é tudo e eu 
lambo os dedos de loucura e sonhos e sinto prazer