sábado, 24 de abril de 2010

um cheiro.

- oi, pedro!
- oi...
- é que eu preciso...
- também preciso de você.
- ai, pedro, disfarce...
- a carência
- eu ia pedir o livro.
- não sei
- não sabe?
- é...
- não sabe o quê?
- onde você deixou.
- o livro?
- não.quer dizer... é, quer dizer...
- ora, pedro. evaporou!

quarta-feira, 14 de abril de 2010

estava quase ausente, sentada no banco, de pernas cruzadas, quando passou Ulisses, num fim de tarde.

me cumprimentou e passou.

distraidamente olhei para as meias que eu usava. eram brancas.

o que pensara Ulisses sobre minhas meias brancas?
- que bom serem branquinhas.

me interrompi. mas claro que não.
- que lindas seriam se coloridas.

é, foi isso que Ulisses pensou.

prontamente pus meu isqueiro colorido no colo, bem exposto.

ei, Ulisses, tenho cores!

terça-feira, 13 de abril de 2010

ai, pedro...



não faça de pedra nada do que digo, pedro.
o tempo muda, eu mudo, a pedra muda, pedro.
o amor muda, pedro.

pedro, não é que não te ame.
só não quero lhe ver hoje.
e isso quer dizer só o que eu disse.
e isso pode ter a ver com tantas coisas...

e, pedro...
não é que eu te amo pra sempre.
é que "eu te amo pra sempre"

e quero você dos meu lados todos os dias...

mas, hoje, eu só não quero lhe ver.
como não querer comer almôndegas no almoço.
não como decidir parar de fumar.

não sei se amanhã nos veremos, pedro.
mas hoje...

não, pedro.
não viaje. não quero que vá para suiça.
a não ser que queira, pedro.

se quiser vá.
mas...

o amor não é pedra. 
e a pedra não é essa pedra como você pensa.

escute pedro, eu só não quero lhe ver, hoje.

domingo, 11 de abril de 2010

minha vida às vezes dá uma de cinema.

o diretor diz: caminhe agora indo embora como se todas as atenções estivessem voltadas pra você.

eu acredito. e vôo.

os ventos bolem com meu cabelo, por meus passos rápidos.
e eu me arrepio, também com o vento.

calça jeans, blusa preta básica e um casaco vinho de botões aberto, com um dos lados caindo no ombro, mas não devo consertá-lo.

entende o charme?
o rosto é quase indiferente, perdido em si. é. deste jeito vôo.

no mesmo caminhar saio de uma cena. vida real. outra cena.

a moça do ponto.

vivi ela hoje. pus-me inquieta. transitei pelos espaços. pedi informação sobre o ônibus. quase perdi um ônibus, na verdade ele não servia. e quase perdi o que peguei. não podia ter perdido. pois. foi o mesmo ônibus que peguei para chegar ao lugar de onde agora eu partiria.

agora, digo, mais cedo.

é, bem como num filme. 

sei lá...

quinta-feira, 8 de abril de 2010

ai, que o amor é lindo por demais.
já viu o tanto de flor que nasce?
 e como escorrem palavras bonitas?

hunrum.
isso mesmo.
é só reparar no casal no banco da praça

quem duvida dos sinos?

lembro que vi sobre o encaixe das mãos.
e tudo mais que é sinal de eternidade...
e haja coisa que se acha pra ser.
e é tão lindo por demais.

casar
ter filhos
envelhecer

quis tanto
hoje não sei se quero mais
não que duvide do amor
mas sim da possibilidade
de fazer dele tão concreto assim como a realidade.
não que eu queira o amor de concreto
concreto não é mesmo lindo por demais...

mas você entende?