quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

a cada passo dado em mim, é um perigo de queda
tenho marcas profundas
coração que não é de pedra

preencho os espaço infinitos com sorrisos, com amor
para que  não se machuque como eu
quem cair  em minha dor

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

a despeito de todas as coisas
me apego a sorrisos
olhos cintilantes
dentros expostos

sorrisos de estômago
intestino
rins

não resisto ao jeitos de entortar a cara
aos sons de gargalhadas

ironia
é que agora
seja a minha companhia
de lágrimas...

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

.

como
e não deixo de sentir fome
durmo
e não é suficiente
o vazio não preenche
o repouso não descansa
o tremor que me alcança
(flama)
me convence
desatino
desmesura
pra quem ama
não há cura

domingo, 31 de outubro de 2010

.

queriam retira-la de lá a força. tirar-lhe de seu canto apenas por ser ele tão cheio de vida.

queriam retirar sua força. deixar distantes os rabiscos, os rascunhos, as rasuras e o descontínuo. 

viram-na tal qual maçã e a morderam até chegar ao seu centro suculento e claro. após o feito, permitiram que a escuridão viesse e a amargasse por todos os lados.

aspiravam ao descrédito, à descrença. mais senso, segundo eles.

tirar-lhe daquele ponto representava não apenas dor: mais dureza.

viram-na em persistência diária e quiseram silenciar o seu acesso dizendo: não há precisão.

e por quê?
[debatia-se. derramava-se. recompunha-se para dialogar com a razão.]

porque o tempo.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

a bolha

de fininho, bem fininho, 
ao tocar sua superfície
 queria saber, ô de casa, quem saía
 adentrei a capa e
poc
 tudo sumiu.

diga-me, sr. brilhante dimaginatíque




como vou adentrar em mim sem dissipar?
de onde eu não deveria ter me retirado, hum?
outros vieram empurrando-me para fora.

fiasco penhasco abismo

há quem diga que eu era um vazio.

Cavo oco vácuo vago

e agora?
o que sou?

vasto labirinto
ora, resto, escombros
ora poeira, sopro

ser o que eu quiser.
como saber o quero sem saber-se ser

cesso.
sobressalto.
desconstruo.
desmantelo.
descontinuo.

antes que, enlouqueço.




sessões seguidas de relaxamento (aaahhh)
mais massagens. m a i s.
sessões seguidas dos perfumes borrifantes
huuummm
cheira-me.



do amor em paz.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

c'est le printemps!



foram as borboletas!
milhares...
elas me carregaram num suave passeio até aqui.
disseram-me no seu palpitar de asas:
anuncie sua descoberta!

já não é mais outono.
já não se perde flores...

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

logo esqueço quantas vezes transbordei...


logo meus passos ultrapassam uns aos outros
e eu vou
quase em vôo.
adianto-me com veste escolhida para ser qualquer.
cabelo prontamente desarrumado.
meu bem, diga que estou linda
me declare comida, água, ar
então, eu o alimento
mais e mais uma vez


 e...


logo esqueço quantas vezes transbordei.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Marina deitou-se sobre inúmeros grãos a olhar o céu
o mar beirou Marina
dizendo daqui pra cá não pode  mais
Marina soube o mar
e a boiar Marina foi-se sobre ele
a olhar o céu
Marina aprendeu a intersecção da escuridão

da escuridão, da escuridão, da escuridão...
jazem cachoeiras e mares

hei de agora pingá-las suavemente
quando ou se necessário
de modo canção
leve e embalando

restos do que eu decompus
apenas
matarei as palavras dentro de mim.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

linha por linha, ou quase.

e aí quando você sentir aquele negocinho de que a coisa vem vindo. desvie da coisa, senão... 
arrá! ( estende as mão, como se fosse dar um susto)
ela acontece mesmo. eu juro! ( beija os dedos cruzados)

(contando um segredo)essa coisa, negocinho... é aquela coisa que não deve acontecer, porque também tem a coisa boa que você deita e (como se sonhasse)ela vem vindo fazendo carinhos gostosos.

eu sei como é, pois (pausa)      já me aconteceu.(olha pra baixo)
é tudo no diminutivo, mas se você deixar, multiplica que só.(abre os braços, mostrando como fica grande quando multiplica)
uma angustiazinha, uma tristezinha, uma insegurançazinha...( entorta a boca)
e tudo tão sem necessidade.( respira insatisfeita)
abra bem os olhos e e ponha a culpa das lágrimas nessa abertura. não deixe o negocinho crescer e ser de verdade. não é, ora.( diz deixando os olhos abertos, com a ajuda dos dedos, até arder e cair uma lágrima)
(tira os dedos dos olhos repentinamente)sabia?
apois, acho que estou descobrindo hoje. (meio sorriso)
eu já embarquei nessa, cara. e lhe digo...
(inventando um personagem que encara a câmera e diz)sai dessa, cara!
abstrai o negocinho, chora com culpa na abertura.( batendo uma mão na outra - uma está como se mede um cachorro e a outra como se recebe uma moeda, a do cachorro bate na moeda como se explicasse algo)
(levanta os ombros e entorta a cabeça, concluindo)dorme e acorda!

segunda-feira, 5 de julho de 2010

eu
feto de mim
cortei
o cordão umbilical
e me perdi
e por ter posto
tanto fim
[ponto final]
reticenciei.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

são muitos cortes aqui, bem aqui
doem em mim, sangram nos outros
tão bom viver a própria vida e só.
afastando o medo de enlouquecer
que bate a porta todos os dias

a voz baixinho - todos os dias todos os dias todos os dias


um labirinto dos encontros
tudo se perde de tudo
todo mundo de todo mundo
mil muros sobre cada um

(mil muros, múrmurios

 a voz baixinho - todos os dias todos os dias

 e o medo da loucura)

ansiolítico para o tremor sem controle
cigarro para a ansiedade constante
freios para os pensamentos

mas as coisas,
as coisas continuam acontecendo.

a voz baixinho gritando - todos os dias todos os dias todos os dias





sexta-feira, 11 de junho de 2010

...

é que a gente resolveu dar um passeio por outros mundos,
antes de vir parar nesse aqui e,
meu bem, eu lhe agradeço.

quantos grãos poderíamos ter gasto?
quantas estrelas cadentes com desejos apressados?

esse morango menos amargo.
essa manga mais macia.
essa melancia suculenta e vermelhinha.

esse sol das 9 da manhã.
essa maré pra mergulho tranqüilo.
esse dia com azul e vento fresco.

essa presença.
essas viagens.
esses sorrisos.

era só deixar um pouco o tempo e ,
 meu bem, eu lhe agradeço.

esse caminho só.
esse caminho em duo.

isso de repousar sobre seu colo e permanecer
calma e sonhadamente.

Maria Pássaro

eu aprendi mais aprendido ainda que uirá significa pássaro.

como aqueles que entram pela janela  e pomposos pousam  nos meu pratos, na minha caminha...
digo, no meu quarto e na minha cozinha.

como aqueles que perturbam meus cachorros, Gaia e Lampião.

agora vocês já sabem tanto sobre mim.

só digo um pouco mais, pássaros sorriem!

(demais)

sábado, 29 de maio de 2010

os meninos, os rapazes, os homens
eles vêm e dizem
caco de vidro, espátula, fogo
aqui não é o seu lugar
a própria rua  seu trajeto dizem
não!
aqui não é o seu lugar
uma gárgula
as pedras
o vento
intuo.
aqui não é o meu lugar.
eu vou
eles vêm e dizem
AQUI NÃO É O SEU LUGAR
o que é que tem?
o que é que há?
eles, canivete
eu sem patuá
constato.
aqui não é o meu lugar...

sábado, 22 de maio de 2010

sou romântica.
e valorizo o sexo forte.

romântica e a espera de flores
e da aliança que prometeste noite passada
e duas palavras

valorizo o sentido do contínuo
a sua prosódia ao dizer eu sigo

o seu amor comigo
a sua paixão ainda que passante

valorizo o abraço despido
e o engano já com luz

sou romântica.
sou.
e valorizo a raridade com a qual me presenteia

aguardo o casório, filhos, eternidade...

sexta-feira, 21 de maio de 2010

meu cacho é vagabundo
eu sou vaga e uva
minha boca
entre tantos donos
perambula

meu doce é vagabundo
eu sou mundo e manga
o meu corpo
entre tantas bocas
se desmancha

meu vermelho é vagabundo
sou morango e tanta
o meu gosto
entra em tantos corpos
e se descansa
e não me pergunte o porque dessa vontade latente, que grita tudo isso e tanto dentro de mim.
nem queira saber desse meu respeito advindo do próprio respeito e porque gosto.
porque o que eu quero, decidi agora, vou fazer, como em Raul.
todas as vezes que o vejo, não o desejo mais, porém persiste um desejo meu que é fala.
que é fala, que é certeza, que quer exprimir-se.
não, não sou doida, nem sua.
não, não estou perdida, nem vou me perder...
estou muito achada, acho e sou amada.( soube antes de ontem)
o que me sobra agora é esta vontade farta.
que é fala
e já disse.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

nunca neguei ter transtorno bipolar.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

a dialética.

tanto subverte
e subverte
e subverte
que anoitece
que anoitece
e anoitece
e a noite tece
e ela amolece
ela amolece
amolece
(...)
deita para uma madorninha
nos braços da clareza essencial
vira-se pro bem
vira-se pro mal
oh, conceito assim... fatal!

e subverte.

segunda-feira, 10 de maio de 2010


Que me avassale!
Pedi com exagero
Aspirando uma paixão instintiva
E não veio.
E não vem...
E assim permaneço pendulante...
Entre o que poderia e o que não é.
Entre o que queria e o constructo.
Entre!
Digo e repito.
E enquanto tiras o sapato,
O vento bate a porta
Pareço não descobrir a chave
E assim permaneço deslumbrada...
Entre o concreto e o ilusório.
Entre o efêmero e o desalento.
Submeta-me.
Para que eu permaneça
Mais feliz, mas como agora estou.

sábado, 24 de abril de 2010

um cheiro.

- oi, pedro!
- oi...
- é que eu preciso...
- também preciso de você.
- ai, pedro, disfarce...
- a carência
- eu ia pedir o livro.
- não sei
- não sabe?
- é...
- não sabe o quê?
- onde você deixou.
- o livro?
- não.quer dizer... é, quer dizer...
- ora, pedro. evaporou!

quarta-feira, 14 de abril de 2010

estava quase ausente, sentada no banco, de pernas cruzadas, quando passou Ulisses, num fim de tarde.

me cumprimentou e passou.

distraidamente olhei para as meias que eu usava. eram brancas.

o que pensara Ulisses sobre minhas meias brancas?
- que bom serem branquinhas.

me interrompi. mas claro que não.
- que lindas seriam se coloridas.

é, foi isso que Ulisses pensou.

prontamente pus meu isqueiro colorido no colo, bem exposto.

ei, Ulisses, tenho cores!

terça-feira, 13 de abril de 2010

ai, pedro...



não faça de pedra nada do que digo, pedro.
o tempo muda, eu mudo, a pedra muda, pedro.
o amor muda, pedro.

pedro, não é que não te ame.
só não quero lhe ver hoje.
e isso quer dizer só o que eu disse.
e isso pode ter a ver com tantas coisas...

e, pedro...
não é que eu te amo pra sempre.
é que "eu te amo pra sempre"

e quero você dos meu lados todos os dias...

mas, hoje, eu só não quero lhe ver.
como não querer comer almôndegas no almoço.
não como decidir parar de fumar.

não sei se amanhã nos veremos, pedro.
mas hoje...

não, pedro.
não viaje. não quero que vá para suiça.
a não ser que queira, pedro.

se quiser vá.
mas...

o amor não é pedra. 
e a pedra não é essa pedra como você pensa.

escute pedro, eu só não quero lhe ver, hoje.

domingo, 11 de abril de 2010

minha vida às vezes dá uma de cinema.

o diretor diz: caminhe agora indo embora como se todas as atenções estivessem voltadas pra você.

eu acredito. e vôo.

os ventos bolem com meu cabelo, por meus passos rápidos.
e eu me arrepio, também com o vento.

calça jeans, blusa preta básica e um casaco vinho de botões aberto, com um dos lados caindo no ombro, mas não devo consertá-lo.

entende o charme?
o rosto é quase indiferente, perdido em si. é. deste jeito vôo.

no mesmo caminhar saio de uma cena. vida real. outra cena.

a moça do ponto.

vivi ela hoje. pus-me inquieta. transitei pelos espaços. pedi informação sobre o ônibus. quase perdi um ônibus, na verdade ele não servia. e quase perdi o que peguei. não podia ter perdido. pois. foi o mesmo ônibus que peguei para chegar ao lugar de onde agora eu partiria.

agora, digo, mais cedo.

é, bem como num filme. 

sei lá...

quinta-feira, 8 de abril de 2010

ai, que o amor é lindo por demais.
já viu o tanto de flor que nasce?
 e como escorrem palavras bonitas?

hunrum.
isso mesmo.
é só reparar no casal no banco da praça

quem duvida dos sinos?

lembro que vi sobre o encaixe das mãos.
e tudo mais que é sinal de eternidade...
e haja coisa que se acha pra ser.
e é tão lindo por demais.

casar
ter filhos
envelhecer

quis tanto
hoje não sei se quero mais
não que duvide do amor
mas sim da possibilidade
de fazer dele tão concreto assim como a realidade.
não que eu queira o amor de concreto
concreto não é mesmo lindo por demais...

mas você entende?

terça-feira, 30 de março de 2010

não sei nada sobre você (ou todo iguais)

tem jeito de gente que se entrega
se põe assim a balançar
se a música toca e toca, ele dança
não tem medo de passar aquela paixão
de vir outra( ou aquela outra de antes)
posso dizer... de viver?
(e já viveu)
dói e passa
(sofre, chora e alivia)
passa.
o seu nome?
quer dizer:
aquele que vai
podia ser aquele que venta
aquele sem rumo e sem preocupação
aquele que eu quero ser
talvez...

quarta-feira, 17 de março de 2010

abraço sincero é o do meu travesseiro.
onde eu ponho ele fica.
aguenta meu peso todos os dias.
só tem o meu cheiro.
um bom companheiro!




Mañana Iguana

não lembrava dessa chuva fria causadora de arrepio quente.
desconforto errante.
 dormência momentânea.
 apelo para confusão, loucura, impulso.
não lembrava como era esse rebuliço aqui de dentro, pés num chão sem fundo.
a cabeça disparando.
o coração calado.
a palavra quase salta.
mas seguro.

não lembrava desse quadro. somente da minha reação.
que dessa vez, tão diferente.
não sei onde aprendi desta forma.
coração calado.
olho seco.
palavra presa.
um rio corre aqui dentro, é verdade.
mas sem enchente.
margem.

mañana iguana.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Ainda sinto aquele frio na barriga, do dia primeiro do ano, misturado em saudade e confusão, em dúvida, em desapego...
Larguei minhas emoções naquela areia, mas ela não as absorveu por completo, apenas ou quase me disse: deita e contempla o céu.
Não sei se estava mesmo ali, estando em contato com aquele mundo novo, colorido e transtornado, mas naquele momento, conectei-me com algo que faz parte de todos os mundos.
É muito difícil que eu recrie o mundo ou crie um mundo em preto e branco....

Ainda quero alguma coisa que já quero há muito tempo e há muito tempo não posso. Mas ela já não me consome tanto.
Me comunico, por vezes, com essa coisa, não por pensar num futuro onde ela vai estar, mas sim porque acho que acredito que ela já faz parte de mim e portanto para ela não há tempo ou é como se não houvesse... nem mesmo pretérito imperfeito.

Ah! Essas coisas me acometem todos os dias.
Mas é isso, sabe?!

Permito.