domingo, 14 de junho de 2020

de onde eu vim?

era mãe, era preta

era avó, mãe, preta

bisavó, mãe , mãe, mãe

tataravó já não sei mais, mas era preta


quem sou eu? 

antes de tudo preta

mulher preta

depois de tudo

teta

a nutrir gerações, gerações, gerações


já cansei

cansei de esperar

soube que não vai passar

mainha, voinha, vó bisa

de onde eu vim?


carrego na pele

tato áspero

presente árduo 

futuro?

não me representa

não se apresenta

e eu ardo

e crio


história

silenciada no agora

outrora…

corpo só de homem

só de sinhá

o corpo é meu, sai já

ioio quer mamar


um dia abri as pernas

eu pari.

pari eu

e pari cria

criei coragem

pra seguir nessa viagem

às vezes chovia, às vezes eu ria 

mas no fim…


de onde eu vim?



mainhaaaa

maiiiinha

maiiiiinhaaaaaaa


mãe preta

vó preta

bisa preta

eu preta

eu teta


eu quero ser

eu quero ser quem sou

se eu sei de onde eu vim

eu sei pra onde vou


eu vou

eu vou

eu vou, 

oxe, se vou


terça-feira, 29 de abril de 2014

ao meu maior desejo de crer que é passado.


escute mais uma vez essa canção antes de me deixar
meu outro eu
eu estou aqui faz tanto tempo tentando não sucumbir à tentação de te manter tão perto
que eu esqueço o que é e como e quanto longe de você serei feliz
vai, eu rogo, imploro, empurro
cai no abismo, na faca, sangra, morre, deita, dorme para sempre dentro de mim
um poema de amor e despedida te dedico, meu algoz
onde eu cheguei com esse trem em sua companhia
onde eu voltei, onde eu parei, inerte e flertei com a outra parte de mim
onde eu senti saudade de mim, foi aí que enfim resolvi, vai! deixo-te ir.
seguro aqui deste lado a tua lembrança
um lenço leve, macio, fino, trêmulo em qualquer brisa
qualquer, qualquer sopro e o lenço claro, límpido elucida plácido tua presença
no banco de trás, sob meus pés, sobre minha cabeça
então, eu já disse demais, conversei demais, prolonguei demais
vai.
a canção já está no fim e não há nada mais aqui, entre nós, esses nós... 
desatai
desatei.
vai...

agora eu posso sair nesta madrugada fria ,molhada
sem olhos nem pés de pessoas
agora eu pego outro trem, sem destino, nem medo
e não te vejo, nem de longe, nem penumbra, nem tremor,
 nem suor, nem palpitação
 respiro  profundo e lento todo o ar
solto meus cabelos, visto minha roupa de remendos feitas por meus dedos...
tortos, tortas minhas roupas, eu mesma torta, tudo torto
tudo torto e meu, torto é tudo e eu 
lambo os dedos de loucura e sonhos e sinto prazer


quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

depois ou entrega ao sons e silencios

de olhos semi-cerrados
meio sonho enquanto amanheço
quase acordo quase esqueço
um vazio 
eu pelo avesso
pulso firme forte
tenro
morte vida recomeço

a cada ciclo
me convenço
pouco é coisa de pecado
pouco é de manter segredo
pouco é de caso pensado
amor pra mim é sagrado
meditação, não-tempo
reinvento prelúdio e remate
amor é pura arte 
deserto de pensamento

teço versos quando gozo
coso um mundo do que sinto
crio caso, invento hino
de animal que não tem fala
que quanto mais vive cala
 embriaguez cor -vinho- tinto
minto um tanto, não atino
revelar, posto que é chama
posto: oração e flama
como o inferno do divino

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Eu posso chorar!

Faz muito tempo que sou chorona,  chorona mesmo. Chorona a lá suco de laranja. Me espremo toda até sair a última gota do meu suco. Ora, cada um entristece e se esvazia da maneira que lhe convém.
Faz um tempo que me dizem " não pode ficar chorando assim desse jeito", um tempo desde minha gestação. Sei que o estado emocional da mãe interfere no bebê, mas o que eu deveria fazer então? Explodir ou estragar cheia de suco-lágrima, de angústias... Todos sabem que gestante é sensível e chora mesmo.

Pois...

Depois que Nina nasceu, logo no início, também chorava muito. Tive crises puerpérias fortes, mas tudo nos fortalece e aí a gente vai achando um aconchego de cá e de lá nessa vida dura. Mas ainda assim, ninguém é de ferro. Não acho que ser mãe é padecer no paraíso, minhas desculpas aos que proclamam está frase como hino da maternidade.

Ser mãe é múltiplo, é infinito, é doce, amargo, azedo, salgado , umami! E cá pra nós, não dá pra encarar todos os sabores com um sentimento só.

Tem dia que a gente não se segura, mesmo com aquela coisa lindonéia nos olhando com aquela carinha de susto e tentativa de compreensão ao ver a gente desabar. Mas e aí? O que nossos filhos devem aprender? Que mãe não chora? Não se chateia? Que é fria e inabalável?

Há felicidade, mas não é nada cinematográfico, teatral ou noveleiro. A vida viva fere e cicatriza. Não posso esconder da minha filha parte de mim e também parte dela. Ela também chora.

Não pretendo mandar ela engolir o choro. Certo que consideramos que por certas coisas não é necessário chorar, mas e aí? Vamos deixar as crianças extravasarem, chorando ou não! Se elas ficarem cheia de seu suco-lágrima, também, um dia, se estragam. Elas sabem de menos coisas que nós e a gente ensina as coisas a doerem mais nelas, então, vamos respeitar seu processo de transição e aprendizagem úmido da vida!

Talvez seja por isso que as pessoas estão estragadas! Depressivas... não podem deixar as águas dentro de si rolarem. Todo mundo hoje tem que ser forte e chorar é para os fracos...

Discordo.
Pra mim chorar é para todos e todos são fortes e fracos.

Eu posso chorar!




quinta-feira, 1 de setembro de 2011

.


tem que bastar
apenas sua crença em si

há de bastar

tem que deixar os ouvidos
os olhos alheios 
tem que esquecer
se é guerra
ou provação

o caminho é habitar-se e estar suspenso

há de colher só das cores desejadas
há de ir só, avante, à frente e sempre
e ainda após
tem que conter 
dentro de outro lugar
ter sabedoria e paz
 que é só você
que se desfaz



quarta-feira, 13 de julho de 2011

estou em crise.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

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